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Mostrando postagens de junho, 2016

Foi tempo perdido

Sem um bilhete de despedida, sem um aviso prévio, simplesmente acabou. Acabou a vontade de tentar, acabou a espera pelo dia em que ia me olhar diferente. Apostei minhas fichas, usei um arsenal de clichês e me entreguei de corpo e alma, querendo você. Queria te chamar de vida, ficava ansioso para um novo encontro com você, mesmo não sendo particular. No começo tudo ia assim, não fazia nada mal, até que depois percebi que não dependia só de mim. Que enquanto você me enrolava, eu queria um abraço. Minha vontade não é suficiente para manter minhas mãos na tua cintura. Até teu beijo no rosto se tornou mais frio que o inverno europeu e a indiferença estava ali na penumbra do teu olhar apático. Enquanto tua ausência era notável, eu ainda mandava mensagens de bom dia e fazia convites para um cinema no fim da tarde.   Eu fechava os olhos, tentava enxergar por outra expectativa e até realinhava nossas mentes. Entretanto elas andavam separadas, nossas linhas tortas não se encontravam e o tempo

Crime

Não queria admitir o óbvio, mas parece que você me quer disponível para quando também estiver. Percebeu que perdi a razão e deixei o coração sonhar. Que desamarrei os sapatos e a armadura, ao olhar teus olhos. A verdade é que sinto uma esperança na fantasia mentirosa que criou. Vive me aparando as arestas, podando e regando enquanto vai e eu quero mais. Não quero mais as migalhas que pode oferecer. É como se o tempo fosse abrir seus caminhos e você quisesse me encontrar no fim do túnel. Desculpe, mas não dá. Não consigo mais ficar esperando minha vez, enquanto é outro alguém que recebe seu bilhete de bom dia. Não dá pra eu ficar parado te esperando pra viver. Não posso ficar esperando uma decisão sua. É muito utópico esse clichê de que é bom amar e ser amado, não importa o tempo que demorar. Como se cedo ou tarde o amor vai acontecer e que a espera vale a pena, pura quimera. Vejo você cheio de medo de querer arriscar e eu num labirinto sem fim, me sinto até na “Caverna do dragão”, que

Perto Demais

Assisto pela centésima vez a "Closer - Perto Demais", um filme de 2005 com uma trama inteligente e perigosa sobre os encontros e desencontros das relações amorosas de quatro protagonistas. E pela primeira vez senti inveja da personagem interpretada pela Natalie Portman, quando ela diz: "Não te amo mais, adeus!".  Como eu queria unir forças e ir na direção contrária a sua. Não sentir vontade de pular em seu pescoço quando a gente se encontra por acaso e esquecer tudo que sei sobre você. Pior ainda, queria não lembrar a droga que é saber que você, às vezes me vê, tão desconhecido quanto qualquer outro que esbarrou na rua. Tenho que inibir a vontade de perguntar sobre seu trabalho, como foi nas provas da universidade e quais são os planos para o aniversário. Sim, não esqueci que seu aniversário se aproxima e me sinto tolo por isso. Esse meu amor podia acabar como um domingo de lua cheia, como o show que assisti no último sábado ou como o cigarro do senhor ao lado.