Antes do fim
A gente sempre tenta arrumar
disfarces para entender os outros. Dizemos a nós mesmos que fulano está sem
tempo, quando não nos responde. Que é só o jeito de alguém, não saber se
entregar ou até que a pessoa só está confusa e não sabendo lidar com os sentimentos
novos. Quando a gente gosta e estamos emocionalmente envolvidos, ficamos cegos
e dê um jeito que podem nos destruir, entretanto aceitamos com os pretextos
clichês que criamos.
A gente prefere fingir que tudo vai
se encaixando, mesmo quando as coisas não estão bem. Você está vendo que vai se
machucar, mais cedo ou mais tarde, que vai se desentender e não terá conserto.
Que as coisas ficarão com aquele gosto amargo, memórias traiçoeiras e músicas
odiadas, mas faz o que? Continua insistindo na relação. Segue construindo
aquela história com farpas. Minha intuição grita que somos instantes e não
presença constante, ou seja, tenho que ir, tenho que deixá-lo ir, pois o que
tínhamos que viver juntos, já vivemos. A gente precisa aprender a querer ser
aquela lembrança boa e não a tatuagem que será removida ou, talvez, só
redesenhada por cima. É bom assumir e terminar, antes que o furacão nos
destrua, antes que não sobre trilha sonora e boa recordação. Antes que a
saudade vire amargura.
A verdade é que não existe uma
maneira certa de agir. Não tem bula, nem regra, tipo vire à direita, depois à
esquerda e depois à direita de novo. Com os sentimentos não existem isso. Tipo
atalho, sabe? Por isso, é bom aceitar quando o outro não te quer. Claro que a
gente vai sofrer. Aliás, não importa a quantidade de relacionamentos que a
gente termine ou quantas vezes passamos por essa situação, sempre vai doer.
Mesmo adquirindo experiência, o coração nunca se cura em 24 horas, sinto
informar. E por maior ou menor que seja a sua dor, sinta. Mas caminhe. Caminhe
por aí esburacada, mas caminhe. Viva, mesmo com o vazio no peito. Do chão a
gente não passa. Deixe doer, mas não deixe de viver.
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