Aprendizado

Hoje estava reparando através da janela as luzes da cidade, o clarão que elas causam. Lembro que foi assim na primeira vez que vi seu belo sorriso, em um ambiente escuro de repente um raio de claridade. Você estava na minha frente, com seu fascinante olhar. E no mesmo momento, senti um frio na espinha, um formigamento no estômago e até hoje guardo em minha memória o momento que nossos olhares se cruzaram. Sei que para ti, não foi nada demais, foi só mais uma conquista, mais um beijo e nada mais. No instante que nossas mãos se tocaram, sabia o quanto precisa de você. Nem estou falando de amor, só queria ficar perto de ti. Queria poder parar o tempo no seu abraço, que me dava toda a segurança que nunca senti. Minhas constantes ligações, frases soltas que na coerência da língua portuguesa formam uma declaração estavam cada vez mais persistentes. Até que, quando eu menos esperava, você soltou minha mão. Senti-me no deserto, sem saber o que fazer. Insiste, persiste nas promessas. "Dar-te-ei" virou minha expressão, entretanto sempre em vão. E agora percebo que insistir nisso é mesmo pura burrice. É como calçar um sapato que não cabe mais. Só causará machucados, feridas, até deixar a pele em carne viva. Sendo assim, é melhor andar descalço. Cansei desse velho clichê. Com você continuo achando que o tal do amor, só rima com dor. Olho o sol e penso em tudo que tinha reservado a você. Pensei em lhe fazer canções, em rir contigo até não aguentar mais, mas você se foi e nem sei porquê. Os telefonemas passaram a não ser atendido, as mensagens ignoradas e a nossa canção numa mais tocou. Mas o pior é que agora percebi que tenho mesmo que ir embora, não nasci pra ser adorado, quero é ser amado. Tentei de tudo pra chamar sua atenção, fiz o máximo que puder pra te fazer ficar, mas cansei. Não dá mais pra ficar na espera do príncipe que nunca chega com o sapatinho perdido. Agora enxergo e vejo que teu sorriso era mecânico, seu abraço era sem afeto, suas carícias hiper frias. Chega de ser medíocre. Não dá mais pra escutar suas desculpas esfarrapadas. Seus subsequentes "nãos" perfuram minha alma, causam minha tristeza. Agora sigo em frente, tentando não lembrar do que faz mal. As canções me comovem, a ardente paixão já não queima mais. Deletei seu telefone, mesmo sendo inútil, pois seu número já está decorado. Apaguei do meu diário quando vestigios da sua existência. Pra ser sincero, estou precisando desse tempo, de umas férias ao meu peito, rever conceitos e jogar fora o que está apenas estorvando. Claro que lembro de você, sinto falta do seu perfume, penso em ti vendo aquele filme que vimos juntos e a música que estava tocando no nosso primeiro beijo. Mas essa será mais uma lição que aprendo. Tem amores que só servem para isso, para nos fazer os impulsos da vida, as contradições, aprender aceitar os trejeitos do outro, por que nem sempre os opostos se atraem. Não precisa se preocupar, carrego um coração calejado, que já está preparado para o que vier. Quem sabe eu finalmente acorde, perceba que só quem sofre por conta do meu jeito inconsequente sou eu mesmo e mudo de rumo. Até porque por mais que às vezes doa, cause mágoas e dores infinitas, aprender não é a toa, é necessário e sempre será assim, até quando Deus nos permitir.

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