Último Romance

O problema foi ler tantos livros de amor. Foi ver os filmes e querer um amor igual. Foi à espera daquele amor, no primeiro encontro, como na novela. Quase sem querer, descobri que idealizar o amor é o que nos faz sofrer, faz a gente se iludir e se decepcionar. Percebi que quero um amor de verdade, um amor frio até, sem devaneios eloquentes. Quero amor real, que pode se encontrar numa esquina qualquer. Preciso sentir suas mãos adormecidas nas minhas e não apenas ouvir poemas já escritos. Que beije minhas costas nuas, ao invés de declamar trechos das canções.  É tudo que quero de um amor de verdade. Não quero frases clichês, não quero pré-determinados porquês.
É preciso aquele amor, sem dependências, onde um ao outro, fica livre para ir embora, caso queira. E, o melhor, que eles nunca cogitam essa hipótese. Quero viver um amor maior, que qualquer história já escrita. Escrever nossa história, desde o café, em que nos conheceremos. Sobre atrasos, encontros que não aconteceram, lugares e momentos errados, afinal, eu acredito que estamos à procura um do outro por essa cidade, só falta à gente se encontrar.
E vamos ter na memória coisas simples, como qual foi à primeira palavra que eu disse ou o primeiro alô que você me deu. Vamos ter as fotografias que a gente tirar, para nosso mosaico de casal montar. Quem sabe você toque violão e dedique uma canção do Los Hermanos para mim, enquanto declamo os versos de Florbela Espanca. E ao contrário, desses amores ficcionais, a felicidade estará tão estampada, que até quem me vê lendo jornal, na fila do pão, saberá que eu te encontrei. Porque eu quero amar, amar perdidamente.
Quero um amor maior, que queira crescer por mim e eu por ele também. Companhia certa, nas horas mais incertas e não apenas pra postar fotos e ganhar curtidas, seguidas de sigo de volta e elogios. Desejo que cada minuto, ao seu lado, seja uma vida. E cada eternidade, devidamente repetida.  Que seja daqueles amores, que só a gente mesmo entende e sabe. Com implicâncias, risadas, olhares e fazendo o mundo do outro girar. Consigo te enxergar e imaginar em cada parágrafo desse texto, em cada desejo meu, mesmo sem nunca ter visto você, ter te conhecido e sem nem saber seu nome. Mas sei que está por aí, esperando eu aparecer e me fazer ver, que valeu a pena esperar. E como esse romance não será, como esses amores fracos, com histórias clichês, atitudes previsíveis, será nosso último romance. E tenho certeza, que vou te encontrar quando eu não quiser mais e vou duvidar, mas daí vai me provar, ao me olhar profundamente, o quanto preciso descobrir um pouco mais de você. Até o momento, que esse segredo, eu queira gritar, mesmo ainda achando melhor guardar nossa história para nós.
Será como se apaixonar e encontrar a paz, ao mesmo tempo. Terá sossego, sempre a fim de se acompanhar, caso se o tempo queira te levar. Quando será esse encontro? Ah, meu bem, o destino é quem sabe! 

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