As coisas que nunca te disse

Ontem me lembrei de você e de como queria te esquecer, mas ao tempo tinha medo disso, pois você é tão presente. Nunca te disse isso, porém desde o primeiro instante acreditei que era sorte ter te conhecido. Que o destino tinha me apresentado alguém com um sorriso bonito, um papo legal e que me fazia rir. Do mesmo signo, com gostos que complementam e com diferenças aceitáveis, me interessei fácil. Até que você disse que a gente precisava conversar. Conversamos. Ouvi você desabafar sobre o que vivia, a sua relação complicada, as escolhas e o amor que sentia. Não falamos de nós. Te pedi explicação, tentei entender, mesmo doendo. Nunca te disse que isso me machucava. Chorei em silêncio, chorei para o travesseiro, chorei ao ouvir Tiago Iorc na minha playlist. 
É triste quando o amor não acontece. Eu encontrei descanso em você, mas não moradia. Podia parecer que não, mas eu desejava tanto você. Ficava esperando você tocar minha pele, de palhaçada me fazer cosquinhas, desmanchar com meu sorriso bobo e até me ligar, quem sabe, para contar que foi um bom dia de vendas. Eu só queria nós dois, sem medo, com afeto e paz. Mas você não entendeu isso, talvez nem viu. 
Entretanto sempre esteve ali, ao alcance da vista, me ofereceu sua amizade, seu carinho, suas variações de humor, me fez até confidente. A vida é assim, nem sempre vai dar exato. Planejei ser feliz ao lado de alguém que a própria vida colocou no caminho e falhei. Às vezes vai durar uma tarde ensolarada, vai durar uma festa de Réveillon ou até mesmo vai durar enquanto o celular não descarrega. E a gente que aceite, é assim, porque nem toda pessoa incrível que cruza com a gente vai durar o tempo de uma vida inteira. Ou até dura, mas não como a gente quer. Você, desde sempre, me ofereceu sua amizade e eu agi como se fosse simples. Não foi. Eu queria ser o teu segredo e não te ouvir falar de outra pessoa. Queria sair contigo, assistir Narcos ao seu lado e de mãos dadas. Dizer os elogios que te dizia, porém no pé do ouvido, dentro de um abraço bem enrolado. Mas eu entendi que nunca seríamos estranhos um ao outro, nunca um aceno de cabeça como cumprimento seria suficiente. Porque eu pensei, até tentei, odiar você. Quis te afastar, entretanto foi em vão. 
Cai numa armadilha, a gente nunca falou sobre nós. Talvez tenha sido melhor assim, não teve mágoas, nem frases ditas numa hora errada. Mentira, teve tudo isso, mas como caros amigos. Decidi guardar as coisas boas. Como o dia que te vi pela primeira vez e sorriu. E quando baixou a voz para me contar um segredo, confiando plenamente em mim. Eu ainda gosto de você, porém como o amigo que é. Não gosto mais daquele jeito de antes, de forma intensa e louca, nem de uma maneira desesperada de ficar contigo, só gosto como pessoa, com todo carinho. Você me fez mal, sem nem saber. Você me fez bem, sem nem entender.

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